segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Olá Mães!

Sobre esse assunto, gostaria de dividir com vocês a experiência que tive na Ásia.

Meu filho mais velho, o Tomás, nasceu no Brasil, mas com 3 meses nos mudamos para Hong Kong. E por lá ficamos até ele completar 2 anos e 4 meses.

Ele passou sua primeira infância com amiguinhos coreanos, irlandeses, chineses, australianos, japoneses, americanos, ingleses e por aí vai na multiculturalidade.

Os asiáticos são categóricos, levam as crianças para a escola aos 6 meses. São 2 a 3 vezes por semana, com as mães acompanhando, por 2 horas cada "aula".

Cada vez q eu via uma amiga pegando um táxi, com uma bolsa de bebê de 6 meses, com o bebê muitas vezes dormindo ou chorando, me perguntava: "gente, para que isso? Será q vale a pena?". Mas claro que não falava nada...rsrsrs

Minhas amigas européias já pensavam mais como eu, escola a partir dos 2 ou 3 anos.
Para vocês terem uma idéia de como eles são obcecados com a educação, as escolas internacionais em Hong Kong possuem lista de espera nas Maternidades. A criança mal nasce e já preenche um formulário para uma lista de espera de até 4 anos.

E as escolas fazem teste de admissão. A procura é tão grande que eles selecionam os "melhores" bebês ou crianças. Uma colega de Taiwan estava brava com seu filho de 1 ano de idade, pois ele ainda não andava. A data do teste do menino na escola estava chegando e como ela chegaria lá carregando-o no colo ou no carrinho? Ele será reprovado!
Me dava até embrulho no estômago! Sei que a vida é competitiva, mas que tal esperar um pouco mais?
Um amiguinho do Tomás, que foi reprovado nos testes em 2 escolas, estava apresentando sinais preocupantes. Nos playgroups ele não brincava mais, ficava só nos cantos, não interagia mais com outras crianças. Um menino outrora ativo e feliz!

Então, no meio disso tudo, estava lá eu, uma brasileira que pensava tão diferente. Mas é apreciando crenças tão diferentes que a gente para e pode refletir nas nossas próprias crenças.

Nem pensava nisso, mas quando o Tomás completou 10 meses, o matriculei na natação. Era na piscina do condomínio, eu não tinha que pegar metrô, ônibus ou táxi. E foi ótimo! Ele desenvolveu muito na água e desde então nunca mais parou. Hoje posso dizer q ele é um peixinho. Mas jamais o acordei de um sono para cumprir o compromisso. Acredito que essas atividades extras devam ser lúdicas para despertar a paixão.

E quando ele completou 1 ano e meio, matriculei o Tomás numa escola de artes plásticas, 2 vezes por semana, com a mamãe aqui acompanhando. Novamente, dentro do condomínio. No começo, ele ainda não se concentrava, circulava dentro de sala quase o tempo todo. Mas devagar, ele foi se interessando e adorou e adora até hoje!

Quando nós voltamos e ele entrou numa escola aqui, as teachers vieram me perguntar se ele havia feito aulas de artes ou algo parecido, pois a concentração dele nesse tipo de atividade era acima da média para sua idade.

Fiquei contente por ele, pois tudo fluiu de um forma muito natural, sem forçar nada.

Então, eu acho sim que existe valor nesse tipo de atividade, pode despertar paixão, interesse, desenvolve habilidades e ajuda construir a auto-estima.

Contudo, creio que deva ser conduzido de forma lúdica, sempre socializando com outras crianças e sem sufocá-las com compromissos e correrias. Afinal, eles precisam de tempo para brincar sozinhos e despertar suas próprias paixões.

Hoje o Tomás, que tem 4 anos, continua na natação 1 vez por semana com uma professora que é uma fofa, vai para escola mais cedo 2 vezes por semana para dar prosseguimento ao seu inglês e, ainda na escola, faz capoeira também 2 vezes por semana, por 40 minutos.

Ele tem gostado de tudo, não reclama de cansaço ou outras coisas e nós, pais, estamos bem contentes, pois ele segue feliz e contente com suas novidades!

Meu outro filho, o Leo, que completou 6 meses ontem, em breve começará suas idas à piscina, mas sem stress!

A pergunta que fica é: e se ele tivesse feito isso, porém mais tarde, os resultados seriam os mesmos?

Bem, simples, jamais vou saber. Mas fico contente dele ter aproveitado as oportunidades que teve.

Uma última opinião: conheça sempre o professor daquela determinada atividade que seu filho está atendendo com o objetivo de ver como ele conduz a aula. Um professor desmotivado e ou com orientação e formação inadequada são, na maioria dos casos, um desserviço.

Um abraço a todas!

Renata.

Um comentário:

Angela disse...

Rê,

Adorei seu relato, muito bom conhecer um pouquinho da Cultura Asiática neste sentido. Me lembrei daquela matéria do Fantástico sobre os altos índices de suícidios de jovens da China...A maioria dos suicídios do mundo ocorrem na Ásia, que é estimada em até 60% de todos os suicídios do planeta. Segundo a Organização Mundial da Saúde, China, Índia e Japão podem ser responsáveis por 40% de todos os suicídios no mundo. Talvez nada a ver, mas me lembrei... É claro que existem "N" fatores influentes.
Do seu texto dá pra tirarmos um outro Tema para discussão...rsrs...
Sei lá, penso que a vida deva ser mais leve. Fiquei feliz em ser brasileira e meus filhos idem nesse momento. Valeu por agregar com sua experiência.

Beijoooosss,