quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Antes mesmo do Felipe nascer, eu e meu marido já conversávamos sobre creches e educação. Dividimos a mesma opinião sobre deixar crianças aos cuidados de babás, e desde o início nossa opção foi pela creche.

Passei a procurar informações e opiniões sobre creches públicas, porque infelizmente pagar uma creche particular neste momento ficaria muito apertado dentro do nosso orçamento. Me indicaram 2 delas: a creche modelo da Prefeitura que fica perto do Condomínio Rio 2 (super bonitinha, limpinha, acolhedora...todas as vezes que passo por lá vejo crianças e tias felizes brincando no pátio); e a creche que fica dentro do Condomínio Mandala.

Quando abriram as inscrições para o sorteio (sim, as crianças precisam ser sorteadas para poder estudar), fui em ambas unidades e preenchi os formulários. Teoricamente, o sorteio seria na semana seguinte, mas foi adiado por quase duas semanas. Eu e meu marido ficamos desesperados, porque ambos precisamos trabalhar e não tinhamos com quem deixar nosso guri.

A solução foi nos mudarmos para a casa da minha sogra. Ficamos quase 3 semanas na casa dela tentando resolver estas coisas e esperando o sorteio.

Ele acabou sendo sorteado para a creche do Mandala. Não era nossa primeira opção, mas como não fomos sorteados na outra e sabemos que a procura é muito grande ficamos felizes assim mesmo.

Ai começaram os erros. No dia da matrícula fui até a escola com toda a documentação. Na hora de me passar as informações da creche a diretora me informa: -"Nosso horário, normalmente, é de 07:30 as 17:30, só que estamos com uma funcionária a menos e estamos encerrando as 16:30". Opa, peraí...como assim??? Preciso trabalhar até as 17:30, como vou fazer???

Enfim...perguntei qual era a previsão para resolverem esse problema e a resposta dela foi: -"Só Jesus sabe".

Fui entrevistada muito superficialmente por uma funcionária da creche...ela perguntou sobre minha gestação, alguns hábitos do Felipe, fez umas anotações e ponto final...Saí de lá super decepcionada, mas confiante que ia conseguir me virar. Qualquer coisa, ia ter que buscar o moleque mais cedo e trazê-lo para o escritório até a hora de ir embora.

Segunda-feira (14/02) começaria a tal da "Semana da Adaptação". O horário seria de 08:30 às 10:30. Como não podia faltar ao trabalho, pedi que minha cunhada (que é a dinda dele) fosse e fizesse a adaptação. Ela chegou lá com ele e descobriu que a turma dele, Berçário 1, teriam 20 crianças e apenas 3 "tias". Isso já é uma coisa surreal...como 3 pessoas conseguem cuidar e dar atenção a 20 crianças, sendo que algumas (como era o caso do meu filho) são bebês??? Minha cunhada me ligou pra contar isso, e pelo tom da voz dela pude perceber que ela estava muito preocupada. Mas o pior ainda estava por vir...

Em uma das ligações, a Sabrina (a dinda) me disse que estava tudo bem com o guri, mas que ela e as outras mães haviam sido colocadas pra fora do portão da escola e estavam todas em pé no sol esperando informações sobre as crianças. Disse que ia aguardar porque alguém viria para conversar sobre a alimentação. Surpresa a nossa que ninguém veio conversar sobre absolutamente nada...chegaram com meu filho nos braços e disseram: -"Ele comeu tudinho". Como assim comeu tudinho??? Comeu tudinho o que, minha filha??? Quem autorizou??? A resposta: -"Não sei...vai ali na diretoria e pergunta."

Chegando na diretoria ela descobriu que socaram arroz, feijão, purê de batatas e PEIXE pra dentro do moleque. Sendo que na entrevista superficial que fizeram comigo, deixei bem claro que ele ainda não comia feijão e que a pediatra só liberou carne vermelha...nada de frango ou peixe.

Alimentos do mar são extremamente alergênicos para bebês...tem pediatra que só libera depois do primeiro ano de vida. Ele tem 7 meses. Mamou exclusivamente no peito até os 6 meses e há 1 mês e pouquinho começou a comer papinhas...ai chega alguém sem noção e faz uma coisa destas??? Pior ainda que o peixe é o fato que dão leite de caixinha para as crianças.

Consegue imaginar um bebê que mama 6 meses no peito, depois passa para o Nan 1, Nan 2 e ai vem uma pessoa e dá leite de caixinha??? Diarréia na certa né...e quando a Sabrina foi questionar isso com a responsável a resposta foi tão grosseira e sem cabimento que jurei que meu bebê jamais colocaria os pés dele novamente naquele lugar. Ela virou pra minha cunhada e disse: -"Nunca vi nenhuma criança morrer porque tomou leite de caixinha". E com relação a dar peixe e feijão para um bebê de 7 meses ela falou: -"Esse cardápio é elaborado pelo Instituto de Nutrição Anne Dias, se quiser é isso que tem pra comer, se não quiser não come".

Fiquei extremamente decepcionada. Primeiro como Nutricionista...já visitei o Instituto Anne Dias e já sabia que aquilo lá não funcionava direito. Agora tenho certeza!!! Não é possível que uma nutricionista não elabore cardápios de acordo com a idade das crianças. Um bebê de 7 meses não pode comer a mesma coisa que uma criança de 1 ano e meio. E segundo com o país. É muito triste morar em um lugar onde a educação é tratada desta forma. Fico revoltada de pagar uma quantidade absurda de impostos e ter esse tipo de tratamento.

Nada aqui funciona. Você precisa ter plano de saúde se não morre na fila do SUS, precisa pagar colégio particular pro seu filho ser bem educado...tá tudo errado.

Conclusão disso tudo: coloquei meu bebê em uma creche particular. Vou ficar mega apertada de grana durante um tempo, mas vai valer a pena. Prefeitura nunca mais!!!

Ajudem a divulgar essas coisas, porque senão esse país jamais vai pra frente!!!

5 comentários:

Angela disse...

Nossa Fernanda, fiquei passada com o seu relato, muito triste saber que esse tipo de coisa acontece e que você e seu filho passaram por esta experiência. Fez muito bem em nos contar, assim com certeza todas as mães ficarão bem atentas ao colocarem seus filhos em uma creche do Estado. E que bom que agora está tudo bem!

Unknown disse...

Eu, como boa cética que sou, jamais colocaria meu filho numa creche da prefeitura! A não ser que fosse uma daquelas "modelo".
Eu sei que a necessidade as vezes faz com que a gente só pense nesse tipo de saída, mas confesso que se esse fosse o meu caso, preferiria deixar com a avó, uma tia, sei lá... alguém que eu confiasse, mesmo que eu tivesse que dar alguma grana pra pessoa.
Pra mim, Fernanda, a grande verdade é que não podemos esquecer que vivemos em um país de terceiro mundo ainda... e que pra larga maioria das crianças que estão nessas creches públicas, esse arroz com feijão e peixe é um verdadeiro banquete! E o leite de caixa?? Um nectar dos deuses!

Fico feliz que, mesmo apertando um pouco seu orçamento vc pode colocar o filhote numa creche particular! Pq, pagando, a gente tem mais condições de exigir nossos direitos, INFELIZMENTE...

Boa sorte!
bj

Unknown disse...

Puxa, amiga... Assustador isso!!! E revoltante também. Graças a Deus você conseguiu um lugar melhor para o seu filhote. Tenho certeza de que o aperto vai valer à pena pra todos vocês. Infelizmente a gente vive mesmo num país repleto de injustiças.
Beijo pra você e obrigada por compartilhar este relato!

Verinha disse...

É Nanda, não tem como confiar o nosso "bem" mais precioso ao sistema público educacional brasileiro. Já é difícil para o nosso coraçãozinho no particular, imagina no público!
Que bom que vc conseguiu arranjar uma solução!
bjsss

Anônimo disse...

Ai Fer, a gente sabe que eh assim, mas toda vez que leio algo ou vejo, me dá uma tristeza tão grande!
Na teoria tudo é comercil de margarina, mas na prática é isso ai eh?!!!!!!
bjos
Dani