terça-feira, 29 de março de 2011

Natal, Páscoa e demais falências.

Até meus pais se separarem, aos meus 9 anos, eu ia a Igreja Católica mais de 1 vez por semana e sempre aos domingos eu lia lá na frente. Era super ativa. Tanto que queria que meu primeiro emprego fosse Secretária da Paróquia. É sério! Eu adorava aquele mundo. Do lado, tinha a casa dos padres e suas salas secretas e a minha imaginação de criança.


Depois disso eu nunca mais fui assídua em nenhuma religião, nem mesmo a católica. Conheci diversas experiências interessantes em outras religiões, umas me deixaram algumas lições, outras me deram medo. Mas quando me deparei com a seguinte frase “O erro dos homens é querer materializar Deus, quando deveria se preocupar em espiritualizar o homem” acreditei mais ainda que a religião é do homem. A fé é humana.


Sou muito espiritualizada, nenhum espírito de luz (como diriam os kardecistas), mas aprendi algumas coisas com os sofrimentos que passei na vida. Rezo sempre, tenho um sentimento de gratidão pela existência do mundo ao meu redor, acredito que é na verdade onde encontramos a verdadeira paz, admiro de São Francisco, uso a roupa que eu quiser (com respeito aos outros), utilizo meu livre arbítrio para tentar sempre fazer o bem e muitas vezes acabo errando.


Uma curiosidade é que não uso relógio. Não gosto. Me prende, não a pulseira em si, mas a idéia do tempo rodando no meu pulso. O tempo para mim tem que ser dele, único, leve, pouco, muito: mas sem controle. É incontrolável mesmo! Sendo assim, as datas acabam também indo pelo mesmo caminho. Datas? Agora que a gente sabe que esse calendário é fajuto?


Logo que me separei o pai das meninas iniciou uma coleção de bonecas-mais-caras-da-loja para a Nina e Ciça. Eu tinha duas opções: competir ou desistir. Eu resolvi que Natal, aniversário, dia das crianças e todas as datas que inventarem a mamãe NUNCA dá ou dará presente. A mamãe dá viagem, sempre! E assim tem sido. Além de uma festinha pequena SEMPRE nos aniversários para bater a foto.


Dirigindo hoje, ouvi um consultor de economia da CBN dizendo como calcular a quantidade de ovos de páscoa comprar para todos da família e tal. Qual o número do ovo adequado. A partir de quantos em cada célula familiar que se deveria dar um ovo para cada ou um maior para a célula. Sinceramente. Eu não como chocolate. Claro, minhas filhas amam chocolate. Como boa adestradora, quando há momentos especiais e comemorativos dos sucessos pessoais de cada uma delas, e não de Jesus, eu dou doses de chocolate.


Antes eu até gostava de me envolver com essas datas, mas de uns 5 anos para cá... Gosto de sentar com elas, mostrar a Bíblia, algumas coisas que imprimo da internet e conversar/explicando, todos os anos, o significado. Rezo com elas de noite. Rezo às vezes antes das refeições com elas.


Agora como fazê-las entender o significado com a sociedade em que vivemos?


Lembro que aprendi uma boa tática para a criança entender como funciona o poder de uma propaganda. Determinado dia, depois de passar a propaganda, você pega diversos objetos e brinca com suas crias de filmar a propaganda que eles estão estrelando para vc. Claro que ensina primeiro como faz, para ela entender que a criança sortuda da TV é somente um ator contratado e não uma criança conversando com ela! Elas adoram se ver e o ibope, para mim, está sendo garantido.


Fomos ao EXTRA ontem e passamos pelo tal corredor... não lembro de ter tido qualquer pavor por elas e elas sequer comentaram a existência daquilo. Quando começam essas épocas e a TV lota de propagandas eu sempre converso com elas no sentido de que o dono da fábrica daquele brinquedo vai ficar com o nosso dinheiro e tal quantia daria para fazer tal coisa.


Em Jijoca, nas férias, elas ficaram com o dinheiro. Na Lagoa o sorvete era 8 reais e na frente de casa, na sorveteria, era 0,70 a mesma quantidade. Elas aprenderam com uma rapidez que eu até assustei. Foi só um sorvete na Lagoa em 15 dias!!! Elas esperavam o dia todo para somente à noite, após o banho, irmos à sorveteria!


Respeito a todos que acreditam nas datas e têm fé no dia em si e na importância de dar coisas para os outros nesse dia específico, mas eu hoje sinto que existem coisas mais importantes para sentir e viver.


Fernanda Lohn

2 comentários:

Unknown disse...

Sensacional! Nem tenho palavras!!

Anônimo disse...

Oxe! Obrigada! ;)