quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os meus estão com sono e os seus estão chatos!!!!

Numa roda de mães, um dia uma disse, "criança com sono fica chatinha, né?" e a outra emendou "o meu fica com sono, o seu é que fica chato!". Ou seja, essa mãe jamais ficaria com minhas filhas!!!! E com essas, mais alguns estudos na área e a vivência diária fez com que decidisse que minhas filhas não vão tão cedo saírem sozinhas.

Com relação a este tema eu acho que terei pouco, ou muito pouco, a contribuir. Simplesmente porque as minhas nunca foram passear com ninguém, nem tia, nem vó, nem madrinha, nem ninguém. Lá em casa tem um combinado: ou está com o pai, ou está com a mãe, ou está no colégio! E só! Nada mais.

O que li sobre a idade em que as crianças tem discernimento para irem sozinhas na casa dos outros é a partir dos 7 anos. Catarina ainda tem 6. Ou seja, ainda não tem idade para conviver com outras famílias e entender as diferenças que possam aparecer diante de seus olhinhos.

Antes de ter filhos eu tinha mania de pegar os filhos dos outros e levar para casa para cuidar, mas hoje cuido só das minhas também. Adoro cuidar de criança. Quando junto o povo é todo mundo igual. Como tenho duas filhas essa regra já é velha: é tudo nosso! É tudo dividido. Só se compra se for para todo mundo. Ensino a igualdade não só entre os colegas, ams entre os povos e nações. Caso aconteça de uma outra criança, seja ela quem for, vir junto com a gente a regra continua a mesma e a Catarina e a Cecília sabem disso.

Como moro longe do centro da cidade as pessoas acham distante para ir até lá levar e depois buscar. Então a Creche da Tia Fê anda meio aprada ultimamente. E eu acho ótimo!

Para enfeitar meu post magro colo aqui uma matéria da Revista Época sobre o assunto:

Fernanda Lohn

02/10/2009 20:40
Com que idade a criança pode sair só?
Por temer a violência nas ruas e por superproteção, os pais acabam adiando esse momento. Mas a cautela excessiva pode ser prejudicial ao futuro dos filhos
Martha Mendonça


A carioca Lívia Araújo, de 12 anos, pode andar sozinha apenas nos shoppings do Rio de Janeiro, cidade onde mora. Até para a escola, que fica a dez minutos de sua casa, sua mãe, Marlucia Nascimento, a acompanha
A carioca Lívia Araújo, de 12 anos, é uma extrovertida representante de turma. Usa salto alto, batom e vai ao salão de beleza. Enfim, é uma mocinha. Mas Lívia não sai sozinha de casa. Mesmo para a escola, a dez minutos de casa, vai sempre acompanhada pela mãe. “Confio na minha filha, mas as ruas estão violentas e os motoristas não respeitam os sinais”, diz a mãe e funcionária pública Marlucia Nascimento. Sozinha, só no shopping. Marlucia lembra que, em sua própria infância, aos 9 anos ela perambulava só. “Os tempos são outros”, diz. “A hora de soltá-la vai chegar.” Lívia não reclama: nenhuma das amigas anda sem um adulto por perto.

A preocupação de Marlucia, de 48 anos, é legítima. Na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde moram, não há um dia sem um assalto, uma bala perdida ou um crime qualquer. Em 2003, o bairro ficou marcado pela morte de Gabriela Prado, aos 14 anos, num tiroteio no metrô no primeiro dia em que saía sozinha de casa. Nas últimas décadas, a violência modificou a rotina de pais e filhos. Se as crianças da geração anterior começavam a sair sem os pais por volta dos 10, 11 anos, agora raramente os filhos de classe média se aventuram sós pelas ruas antes da adolescência. “Os alunos vêm para a escola sozinhos a partir do sétimo ou oitavo ano”, diz a diretora do Colégio Mopi, a psicopedagoga Regina Canedo. Há 36 anos à frente da escola que fundou, ela diz que normalmente os pais começam a deixar os filhos mais livres quando eles reclamam. “A hora de saírem sós, muitas vezes, é imposta pelos filhos. Os pais têm razão em ter cuidado, mas não podem mantê-los debaixo da asa até a vida adulta”, diz.

"A hora de soltá-la vai chegar"
MARLUCIA NASCIMENTO,
funcionária pública e mãe de Lívia


No começo de setembro, o jornal americano The New York Times mostrou como as crianças estão indo cada vez menos sozinhas para a escola. Segundo uma pesquisa da National Household Travel – que mede o uso dos meios de transporte naquele país –, em 1969 41% dos alunos iam sozinhos a pé ou de bicicleta até o colégio. Em 2001, eram apenas 13%. Pais americanos acompanham os filhos até em caminhadas de dois quarteirões. Em alguns casos, ao buscar os filhos na escola, eles colocam um papel com o nome da criança à frente do carro para que um funcionário da escola localize por rádio o aluno no prédio e o traga. Em São Francisco, um estudo entre pais que levam seus filhos de 10 a 14 anos ao colégio revelou que metade não deixaria que eles andassem desacompanhados e 30% afirmaram que o medo de estranhos é o responsável por sua decisão. Nos Estados Unidos, o maior temor é o rapto de crianças.










O empresário Ricardo Ribes, de 47 anos, leva o filho Matheus, de 13, a todos os lugares. O menino e um amigo já foram assaltados em uma padaria perto da casa em que moram, em São Paulo. O pai diz que a ida ao colégio é um bom momento para conversar, Matheus concorda, mas afirma querer mais liberdade
No Brasil, “o fator violência é concreto e de fato não ajuda a estimular comportamentos de autonomia”, diz a pedagoga Patrícia Lins e Silva, diretora da Escola Parque, no Rio de Janeiro. Ela acredita que a preocupação dos pais é justa, mas que é preciso levar em conta a importância do desenvolvimento dos jovens. “Entre 12 e 14 anos, eles lutam bravamente pelo direito de experimentar as próprias asas”, afirma.

O empresário paulistano Ricardo Ribes, de 47 anos, leva o filho Matheus, de 13, a todos os lugares, incluindo o colégio, que fica muito perto de onde moram, no Morumbi, bairro nobre de São Paulo. “Tenho medo de assaltos e atropelamentos. Ele e um amigo foram assaltados no caminho da padaria que fica na esquina de nossa casa.” Ricardo minimiza a proteção. “Os trajetos são bons também para a gente conversar”, diz. Matheus adora a presença do pai. Mas não nega que gostaria de ter um pouco mais de independência. “Preferiria ir para certos lugares sozinho”, afirma.

No Brasil e nos Estados Unidos, os especialistas em crianças identificaram, além da violência nas ruas, outro fenômeno que faz com que os pais adiem libertar os filhos: a superproteção, ou overparenting, como é chamada em inglês a exagerada influência dos pais na vida das crianças, em todos os seus aspectos. Interferência nas amizades, cobranças exacerbadas sobre o aprendizado e, em grande escala, o medo da relação da criança com o mundo. O resultado desse comportamento pode ser o desenvolvimento de um adulto sem iniciativa, inseguro e com dificuldades de relacionamento. “O medo da violência das ruas é uma realidade. Mas toma proporções maiores por conta da superproteção”, afirma a psicóloga Ceres Araújo, professora da PUC-SP. Ela diz ainda que as famílias de classe média normalmente se espelham umas nas outras, padronizando as atitudes. “Mesmo que um filho mereça confiança para começar a sair desacompanhado, dificilmente os pais deixarão se outros amigos ainda não tiverem a mesma liberdade. Eles têm medo de estar sendo inconsequentes”, afirma.

Tenho medo de assaltos e atropelamentos
RICARDO RIBES,
empresário e pai de Matheus
Em abril do ano passado, a escritora americana Leonore Skenazy causou polêmica ao contar, em sua coluna no jornal The New York Sun, que havia deixado seu filho Izzy, de 9 anos, andar sozinho no metrô. “Em um domingo ensolarado, dei a ele um mapa do metrô, um bilhete, US$ 20 e algumas moedas, para o caso de ele precisar fazer uma ligação”, escreveu. A maioria dos leitores condenou sua decisão. O incidente levou Leonore a criar um blog e escrever o livro Free-range kids: giving your children the freedom we had without going nuts with worry (algo como Crianças independentes: dando a seus filhos a liberdade que tínhamos sem enlouquecer de preocupação). Ela acredita que muitos pais não têm coragem de soltar os filhos por culpa e medo da reação alheia. “Os pais devem se basear no potencial de suas crianças, e não no que os vizinhos vão dizer”, afirma.

Afinal, com que idade as crianças devem começar a sair sozinhas? Os psicólogos argumentam que o momento certo é muito variável. Antes dos 8 anos, nunca. Nessa idade, elas mal aprenderam a ler, são mais frágeis e não avaliam ainda causas e consequências. Depois disso, é uma questão que cabe aos pais e à própria criança decidir. “Guardadas as particularidades, o ideal é que seja na fase da pré-adolescência”, diz a psicopedagoga Sílvia Amaral, coordenadora da clínica multidisciplinar Elipse, de São Paulo. Ou seja: a partir dos 11 anos. “De acordo com Jean Piaget (psicólogo suíço que estudou o comportamento infantil), nessa última fase da infância a criança já sabe lidar com a novidade e tem capacidade de interiorizar regras, lidar com o imprevisível.”
A analista de sistemas carioca Cristina Rosa, de 43 anos, considera que os 13 anos é a idade para soltar os filhos. O mais velho, Bernardo, hoje com 16 anos, precisou de incentivo para se aventurar. “Ele sempre preferia que alguém o acompanhasse. Aos poucos, foi ficando mais seguro”, diz Cristina. Neste ano, depois de uma viagem de um mês à Alemanha, Bernardo passou a ir de ônibus a locais mais distantes. Já Bruno, o caçula, de 12 anos, não quis esperar o “prazo”. Bruno é levado até a metade dos trajetos e segue a outra metade sozinho.

Para psicólogos e educadores, não há fórmula para proteger uma criança ou adolescente nas ruas, até porque é impossível prever todas as situações. O segredo da segurança é o treino e a familiaridade com locais e trajetos (leia o quadro na pág. anterior). Todos os especialistas são unânimes em dizer que adiar o momento de liberá-los para o mundo é subestimar sua capacidade de cuidar de si mesmos. A confiança dos pais é o combustível para a autoconfiança dos filhos. “É preciso arriscar e delegar, apesar dos perigos. Tirá-los da redoma é ajudá-los a crescer”, diz a psicopedagoga Sílvia Amaral.

2 comentários:

Jo disse...

Fê,

Eu sei o quanto é pesado assumir 100% a rotina das criancas... principalmente quando nao temos mae, tio, papagio, periquito... ninguem da familia por perto pra ajudar!!!

Eh bom que vcs tenham essa cumplicidade, e que elas saibam que podem contar 200% com vc!! mãezona!!

Percebi agora o link entre Catarina e Santa Catarina!!! kkk me confesso 'loira e lerda"!

huhuahuahuahauaha

Angela disse...

Fer,

Achei excelente o artigo! Obrigada por nos agregar.

Sigo mais ou menos a sua linha de pensamento em relação aos cuidados, para algumas coisa não dá pra facilitar não.

Beijo grande,